quarta-feira, 24 de maio de 2017

Sobre um convite além da festa



Os cabelos dela estavam coloridos, não o rosto. O sorriso dele estava produzido, não a roupa. Uma sala reservada de um pub, não um imenso salão de festas. A penumbra com pequenas luzes piscantes chamavam atenção para as imagens de um casal recente de afeto florescente. Um convite a fazer parte de uma história que começou bem antes. E o convite se estendia um tanto mais além.

Por toda a minha vida eu sempre fui a casamentos. Confesso que nunca foi o meu tipo de festa favorita, mas raramente recusei convites. Confesso também que em muitas dessas ocasiões eu compareci para encontrar pessoas que não via há muito. Em outras fui por educação. Teve também as que participei pela festa, não vou negar. O fato é que bem poucos casamentos me tocaram como esse.

Eu não saberia dizer se pela atmosfera intimista de pessoas vibrando nas mesmas notas. Se pela alegria contagiante que começava nos noivos e não findava, praticamente uma corrente. Se pela vibe esperançada de pessoas que perceptivelmente não conseguiam não reverberar os sorrisos.

E por mais piegas que possa parecer, foi assim, bem assim, que percebi o que John Paul Young queria dizer com "Love is in the air". No dia da celebração do afeto de um casal em especial, cada convidado vertia bem-querer pelos cantos dos olhos e rastros dos sorrisos.

Foi bonito ver e ser parte dessa celebração. Por mais que eu tente dizer qualquer outra coisa, eu só penso em obrigada. Amar vai ser sempre um ato de coragem e nesse dia, duas pessoas estavam dispostas a inspirar cada um dos presentes, o mundo inteiro, por que não?, a se aventurar. Eu pintaria um quadro sobre isso, faria uma música ou um filme. Por hora me limito a escrever.

E pediria desculpa pelo português exacerbado, pela falta de habilidade em me traduzir, mesmo depois de tanto tempo em terras estrangeiras. Mas eu não conseguiria em nenhuma outra língua expressar meus transbordamentos com a mesma propriedade. Mesmo agora, o que faço é uma mera redundância, uma tentativa de repetir o que os abraços longos clandestinamente disseram e as palavras não alcançam. 

No fim cada abraço fez esse trabalho de desejar não toda a felicidade do mundo, mas todo o discernimento que ela requer para ser percebida nos momentos mais fortuitos. Em mim o convite para amar e espalhar esse sentimento continua a reverberar.

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