Não me contaram que a aspereza de outra língua
por vezes não caberia na minha boca e minha vontade seria desatar a gritar no
meu idioma ou quem sabe inventar um novo. Que falar sem ser compreendida seria
a pior parte, mas por vezes seria também a melhor.
Ninguém me contou que viver em terras
estrangeiras faria de mim estrangeira em toda parte, inclusive em mim, mas que
eu me sentiria em casa nas mais diferentes moradas, mesmo que isso às vezes
significasse um pescoço.
Não me contaram que seria difícil conciliar os
verbos ser e estar, mesmo que eles fossem um só em outros idiomas. Que eu veria lugares incríveis, mas nem
sempre estaria inteira lá, que haveria casos em que eu iria querer sair
correndo.
Ninguém me contou que não seria tarefa fácil
manter corpo e mente no mesmo lugar, mas quando acontecesse seria mágico, algo
como um quebra-cabeças se montando, passaria a fazer muito mais sentido, seria
como conectar-me. E, sim, seria possível me conectar, por mais que as raízes
estivessem tão longe. Que a sensação seria a de estar andando a favor do vento,
que a vida passaria a fluir com muito mais naturalidade e eu não iria querer ir
embora, muito embora a saudade me mastigasse inteira todos os dias, sem nunca
engolir.
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Minha fala em outras vozes...
A voz de hoje é de Thiago Ferreira dos Santos, música de ruído/mm.
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Minha fala em outras vozes...
A voz de hoje é de Thiago Ferreira dos Santos, música de ruído/mm.
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