Um ano depois, no
mesmo dia em que me vi sendo consolada pela saudade, passei a temer o tempo
com suas premissas de curar, ao passo que fere, de lamber feridas, ao passo que as
abre. Desde então, não parou de crescer o medo de que o tempo esticasse ainda mais
as distâncias e por fim apagasse tudo, já que os braços da memória não param de encolher. Passei a temer que os laços se rompessem. Pior, que ficassem
frouxos a ponto de não fazerem mais sentido.
Acordei nesse
mesmo dia, um ano depois do dia em que botei a mochila nas costas e ganhei o
mundo; um ano depois de não me despedir dos meus amigos; um ano depois de
entrar no avião sem planos de quando voltar; nesse dia, um ano depois, foi quando me vi repleta - embora incompleta - de histórias, verdades e mentiras que vi,
ouvi e não contei.
Esse um ano
depois de absorver tanto, só poderia transbordar em algo. Assim nasce esse
projeto, ainda meio sem pé nem cabeça, mas com muito coração. Esse blog
poderia ter nascido das viagens que eu fiz e ainda vou fazer, mas não! Foi a
saudade quem nasceu dessas andanças e nunca parou de crescer e transbordar das mais diversas formas. Foi
justamente desses transbordamentos que nasceu essa página, que entre as
pretensões, espera manter laços e solidificar o tempo ido. Não que eu queira
viver de tempos mortos, mas me empolga a ideia de registrar as melhores lembranças.
2 comentários:
Great initiative, Gis! 😊
I read it in Romanian and English, excellent writing skills.
Thank you, Alin. Now I can be properly "metida". Hahaha
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