Click de Kate Azevedo |
Eu sempre soube falar de
desamor, tenho facilidade em falar do dia que segue o fim, do silêncio depois
da porta bater. Consigo delinear os contornos belos e sensuais que esse tipo de
tristeza guarda. Por vezes me falta habilidade para lidar com a poesia das
palavras sorridentes. Dá trabalho falar do amor que nasceu e segue vivo. Alguma
coisa encanta, ao passo que assusta, parece que meu vocabulário não alcança.
Sei que desfilam por aí
barbas semi-irresistíveis que clamam por pescoços, mas – por mais louco que
pareça - quero sempre a textura e calor da mesma. Vejo olhos em tons de azul
que sequer imaginei existir, mas é o negrume enigmático de um par, em especial,
que quero decifrar e, ainda assim, ser devorada por essa esfinge. Talvez por
isso não saiba falar de você sem ser paradoxal. Você, que cabe tão
perfeitamente nos meus absurdos, que rouba minhas métricas de tempo e espaço,
que troca as certezas todas de lugar.
Pra você eu digo sim,
desse meu jeito inadequado, exagerado, gritando nos meus silêncios de olhos
pintados. Sim, quero deitar no seu peito de areia movediça. Sim, quero ler meus
livros recostada no silêncio, às vezes nem tanto, do seu sono. Sim, quero te
assistir tocando sua guitarra imaginária. Sim, quero te ter como audiência
cativa das minhas esculturas de sabonete. Sim, divido com você minhas noites de
sono intranquilo e manhãs de café tagarela. Sim, mesmo sem saber se vai durar
mais um mês, uma vida, ou mais, sim. Mesmo sem o vocabulário adequado, com a
promiscuidade das certezas que nascem do que não é palpável e nem por isso são
menos sólidas, digo SIM!
Eu, que me agarro no seu
casaco amassado e digo que quero te vestir, queria mesmo conseguir dizer que
“Amo-Thi”, assim, expressadamente, livre da pieguisse do ato, mas não sei se
consigo, talvez porque só sei falar do fim e nossa história segue assim,
deliciosamente inacabada, como nós e esse texto...
2 comentários:
Ah!
Não dizia a tal Clarice que explicar a limitaria?
Pois bem, o texto não explica, não expressa, ou define, o texto respira.
As palavras aqui podiam não dizer nada que sentiríamos o mesmo, é uma pena que a internet nos obrigue a expressar com palavras, palavras doloridas, tudo aquilo que acreditamos e que sentimos.
O silêncio que esse texto expressa é de uma beleza maravilhosa.
Confesso pensar que você dançava de um lado ao outro em um vestido rodopiante e solto com sol batendo pela janela olhando Thiago distraído no andar de baixo.. e nessa dança de olhos fechados seus dedos suavizavam o computador ou celular desenhando este que chamo de texto, de carta, de desabafo...de... Amor.
Se seus dedos expressam-se assim, que os deuses tenham piedade da beleza que seus olhos pintados "dizem" aos dois companheiros azuis.
Que o pedaço de lago que esses olhos guardam se fechem para tatear esse lindo texto, lindo momento, lindo amor inacabado.
Que nada, nunca acabe.
E que a dor dos poucos anos que nós homens temos, seja o suficiente para acalentar o coração quente que procura sempre o mesmo.
Que nada mude esse silêncio, que nada mude essa saudade, que nada mude esse amor, que nada.....mude!
A garota que desde pequena tão cheia de aptidões que poderia muito bem ter sido professora pelas brincadeiras de escolinha no final da tarde, que ao adentrar em uma loja de brinquedos escolheu lousa e giz entre tantas Barbies e Susis cobiçadas pela maioria das garotas, alguns diriam sem titubear que seria uma executiva de sucesso, líder nata pela forma que conduzia O Mestre Mandou, mas sem dúvida poderia ter sido uma atriz de fama internacional pela forma como interpretava músicas e fazia delas um musical ao nível Brodway, de enredo criativo e de autoria própria, sim poderia ter sido roteirista, e se julgar pela criatividade alguns fariam todas suas apostas em empreendedora de sucesso com patente de algum desses produtos que facilitam a vida das pessoas e tornam-se inerente a rotina, mas pela forma como seus olhos brilharam ao ganhar a máquina de escrever, por aquele brilho e aquela felicidade, que podia até ver seu pensamento girando em tono de todas as palavras que ia conseguir agrupar e formar textos incríveis, e por textos como esse e todos os outros derivados dessa mente indubitavelmente engenhosa é incontestável que o jornalismo desde sempre foi seu destino, sua maior virtude dar contexto as palavras, transformar frases em tradução de momentos e sentimentos, jornalista é sem dúvida seu melhor predicado!
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